Aos 60 anos, Banco Central do Brasil ainda é uma instituição com pouca diversidade étnico-racial e de gênero
- Equipe Observatório
- 31 de out. de 2024
- 2 min de leitura
De 1964 a 2024, contabilizamos 139 pessoas que ocuparam cargos na presidência e na diretoria colegiada do Banco Central do Brasil (Bacen). Desses, apenas um diretor é negro e apenas cinco diretoras são mulheres, o que revela uma sub-representação significativa de ambos os grupos na história da instituição.

Ao longo de sua história, a diretoria do Banco Central contou com menos de 1% de pessoas negras e menos de 4% de mulheres, apesar de esses grupos representarem, individualmente, cerca de 50% da população.
A representatividade é um elemento fundamental para o estabelecimento da confiança pública nas instituições econômicas. Trata-se de uma dimensão de credibilidade distinta daquela tradicionalmente buscada pelo Banco Central do Brasil, que foca na confiança dos mercados. Nesse caso, a representatividade está ligada à credibilidade perante a sociedade, a quem o Bacen deve servir como instituição pública.
Embora a diretoria do Banco Central reforce insistentemente a necessidade de autonomia em relação ao governo, não há um compromisso mais firme com a inclusão racial e de gênero em sua participação nas nomeações, perpetuando a falta de diversidade nos cargos de liderança.
A análise do Observatório de Bancos Centrais (OBC) incluiu todos os cargos da diretoria colegiada, que atualmente é composta por oito cargos de direção e o cargo de presidente. Em toda a história da instituição, os cargos de Presidente, Diretor de Política Monetária, Diretor de Regulação e Diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução nunca foram ocupados por mulheres ou pessoas negras.

A nomeação de Ailton de Aquino Santos em julho de 2023 como Diretor de Fiscalização (Difis) marcou a primeira vez que uma pessoa negra assumiu um cargo de direção no Bacen. Ailton de Aquino Santos permanece em exercício do mandato, o que representa um marco para a diversidade racial na diretoria do Banco Central.

Abaixo, apresentamos a lista completa das mulheres que ocuparam cargos de direção no Banco Central. Entre elas, Carolina Barros é a única integrante do quadro atual de diretores, exercendo o cargo de Diretora de Relacionamento Institucional, Cidadania e Supervisão de Conduta (Direc).
Nome | Cargos de direção assumidos |
---|---|
Carolina de Assis Barros | -Diretora de Administração (Dirad); -Diretora de Relacionamento Institucional, Cidadania e Supervisão de Conduta (Direc); |
Fernanda Feitosa Nechio | -Diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos (Direx); |
Fernanda Magalhães Rumenos Guardado | -Diretora de Política Econômica (Dipec) -Diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos (Direx); |
Maria Celina Berardinelli Arraes | -Diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos (Direx); |
Tereza Cristina Grossi Togni | -Diretora de Fiscalização (Difis); |
Esperamos que Gabriel Galípolo, próximo presidente do Bacen, trate da diversidade como um tema prioritário, reforçando a necessidade de uma diretoria diversa nas próximas indicações.