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Gabriel Galípolo: a nova peça da conciliação econômica de Lula

Tudo indica que a partir de 2025 o Banco Central terá um novo Presidente: Gabriel Galípolo. Atual diretor de política econômica da instituição, não é um novato no meio. Formado em Economia pela PUC-SP, onde também lecionou por 6 anos, foi presidente do Banco Fator, empresa que que se destacou pela participação em programas de privatização e parcerias público-privadas, se destacando nos estudos para a privatização da CEDAE que o tornaram um especialista no assunto.

Galípolo também foi chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos de São Paulo em 2007,durante a gestão José Serra (PSDB). No ano seguinte, tornou-se diretor de Estruturação de Projetos na Secretaria de Economia e Planejamento de São Paulo e, em 2009, fundou a Galípolo Consultoria. Após esse início na gestão pública, participou da estruturação da campanha de Lula à Presidência em 2022 e da equipe de transição. No ano seguinte, assumiu o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda e, ainda em 2023, tornou-se o diretor de Política Monetária do Banco Central.

Seu predecessor no Banco Central, Roberto Campos Neto, foi indicado por Jair Bolsonaro e desde o início do mandato de Lula em 2023, o Presidente da República tem criticado suas decisões e posicionamento em relação às taxas de juros praticadas na economia brasileira. Esse conflito entre presidentes gerou reações do mercado e, após Galípolo entrar para o BC como presidente de Política Monetária, houve receio por parte dos agentes de que ele seguiria a posição de Lula, já que foi indicado por ele. Mas, ao longo da sua atuação, demonstrou orientação mais próxima das propostas de Campos Neto, orientando decisões favoráveis para o aumento e, em alguns casos, para a redução da taxa de juros, o que tranquilizou o mercado financeiro de viés conservador na política monetária.

Ao ser novamente indicado por Lula, agora para a Presidência do Banco Central, foi aprovado por unanimidade pela Comissão dos Assuntos Econômicos (CAE) e também pelo Senado com a melhor votação dos últimos 22 anos. Esse “sucesso” é um reflexo não só da sua experiência, mas também do seu posicionamento firme pró-independência do Banco Central. Ao ser questionado sobre o assunto, Galípolo disse que não aceitaria ser influenciado pelo Governo e que continuaria tomando decisões "técnicas". Além disso, ao citarem Campos Neto, responde que tem uma boa relação com ele e também com o próprio Presidente Lula, buscando manter-se neutro, assim como se esquivando de outros assuntos polêmicos.

As constantes reafirmações que buscará exercer um mandato autônomo, assim como o reconhecimento do desafio de consolidar uma agenda capaz de criar uma economia mais equânime e transparente estão em linha com a Lei de Autonomia do Banco Central, sancionada em 2021. Essa legislação garante ao BC autonomia em relação  ao Governo Federal, além de estabelecer mandatos aos diretores e aos presidente da instituição que não coincidem com o período de mandato do presidente da República. Foi por isso que Lula iniciou o seu 3° governo sob o mandato de Campos Neto.

Apesar das críticas de Lula à atuação do Banco Central, sua escolha por Gabriel Galípolo demonstra uma tentativa clara de sustentar o processo de mediação com o mercado financeiro e seu viés mais liberal, abrindo mão da indicação de nomes mais pró-desenvolvimentistas que desagradariam o setor financeiro. Desse modo, Galípolo representa mais uma peça da "estratégia de conciliação" de Lula.

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