Gerald Epstein e o debate sobre os interesses rentistas da política de independência dos bancos centrais
- Equipe Observatório
- 15 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de out. de 2024
Resenha de artigo:
EPSTEIN, Gerald. Financialization, rentier interests, and central bank policy. manuscript, department of economics, University of Massachusetts, Amherst, MA, December, p. 7-8, 2001.
Os defensores da independência do banco central argumentam que a adoção de um corpo técnico de economistas neoliberais torna o banco central menos sujeito aos interesses políticos, mais neutro e mais objetivo. Esses economistas, por sua vez, adotam políticas monetárias conservadoras que são tratadas como o modo correto ou técnico de se fazer. A principal política monetária conservadora que estabelece o nexo entre a independência do banco central e a financeirização é o regime de metas de inflação, argumento defendido por Epstein.
Ao traçar o combate à inflação como meta primária do banco central, o regime de metas de inflação exclui outros objetivos da política econômica, como a geração de empregos e níveis de investimento. Para Epstein, o banco central independente sob as regras do regime de metas conforma a visão denominada “banco central neoliberal”, parte do conjunto de instituições nacionais e internacionais que convencem investidores a aportarem capitais em seus países e garantindo o pagamento de juros e dívidas dos títulos nacionais. Os países subdesenvolvidos em particular são atraídos por esse projeto do “banco central neoliberal” na medida em que se argumenta que com credibilidade e rigor na política antinflacionária, haveria uma maior atratividade de capitais estrangeiros.
Em sua conclusão, Epstein afirma que a independência do banco central é uma medida de exclusão, isto é, uma medida adotada para retirar a política monetária das mãos da classe trabalhadora e, nos casos em que o setor industrial e financeiro são bem divididos, retirar a política monetária das mãos da burguesia industrial. O regime de metas de inflação, por sua vez, é considerado uma força desproporcional no combate à inflação e que pesa sempre em favor dos rentistas, contribuindo para a valorização dos ativos financeiros.