Lições do Banco Central do Afeganistão no gerenciamento de riscos
- Yasmin Meliga de Vasconcellos
- 7 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de out. de 2024
Resenha de artigo:
AHMADY, Ajmal. Risk Management: Lessons Learned from Afghanistan's Central Bank. M-RCBG Associate Working Paper Series, 2024.

O Afeganistão, país historicamente marcado por conflitos prolongados e instabilidade política, sempre enfrentou desafios econômicos significativos. A pobreza generalizada, a infraestrutura precária e a dependência de uma economia majoritariamente baseada em transações em dinheiro físico colocaram o sistema financeiro afegão sob constante pressão. A vulnerabilidade econômica, somada a problemas estruturais e à presença de atividades ilícitas, como a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo, fez com que as instituições financeiras do país operassem em um ambiente de alto risco. Nesse cenário, Ajmal Ahmady, em "Risk Management: Lessons Learned from Afghanistan’s Central Bank", explora as reformas implementadas durante seu mandato como Presidente do Banco Central do Afeganistão (DAB) até a tomada de poder do Talibã em 2021.
Após contextualizar os desafios enfrentados pelo DAB, o artigo detalha a criação de uma estrutura de gerenciamento de risco no Banco Central, que classifica os riscos em oito categorias, incluindo risco operacional, de compliance e de liquidez. Além disso, descreve medidas adotadas para mitigar esses riscos, como a implementação de procedimentos operacionais específicos para cada departamento e o desenvolvimento de estratégias para lidar com incidentes de segurança.
Em continuidade a essas medidas, Ahmady também aborda os esforços para lidar com crimes financeiros, com foco nas políticas de combate à lavagem de dinheiro (AML) e ao financiamento do terrorismo (CFT). A criação de um departamento especializado permitiu a coleta dados de diversas fontes, como bancos e cambistas, e utilização de relatórios financeiros, como os Large Cash Transaction Reports (LCTRs) e os Suspicious Transaction Reports (STRs), para monitorar transações suspeitas. Além disso, destaca que a colaboração das instituições financeiras e da população, ao fornecer esses dados e relatar transações suspeitas, é crucial para que o DAB possa identificar atividades ilícitas e implementar as medidas necessárias.
Após detalhar os esforços do Banco Central do Iraque, o autor exalta seus resultados positivos, como a redução dos riscos operacionais e maior segurança das reservas internacionais, e afirma que essas medidas também podem ajudar outras economias em desenvolvimento. No entanto, com o retorno do Talibã ao poder em 2021, o futuro econômico e político do Afeganistão voltou a se tornar extremamente incerto. As reformas iniciadas por Ahmady foram interrompidas, e o sistema financeiro afegão agora opera sob circunstâncias mais adversas, com sanções internacionais e o isolamento do país em relação ao mercado global. O autor alerta que, sem apoio externo e uma governança que respeite as normas internacionais, o Afeganistão corre o risco de ver suas fragilidades econômicas se aprofundarem ainda mais.