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O Banco Central da Venezuela, entre a dolarização e a desdolarização

Atualizado: 11 de out. de 2024

Resenha de artigo: ZAMBRANO-SEQUÍN, Luis. Dolarización y desdolarización,¿ un dilema en Venezuela?Revista Temas de Coyuntura, n. 88, p. 68-82, 2023.



A Venezuela é um país primário-exportador com uma economia altamente dependente do petróleo e marcado em sua história recente por períodos de inflação elevada e hiperinflação. A partir de 2018, a Venezuela buscou alternativas para contornar o aumento exponencial dos preços. Com uma inflação que alcançava 196,6% ao mês, a moeda local acabava por perder suas funções tradicionais e, por conta disso, ser reduziu a credibilidade nas instituições fiscais e monetárias. Dentre essas instituições, a principal é o Banco Central da Venezuela (BCV), agente responsável por adotar as políticas de combate à inflação e a fuga de capitais internos.

Mediante a situação monetária do país, a Venezuela passou a viver um processo de dolarização na economia. Com isso, há uma maior estabilidade na taxa de inflação, uma vez que as trocas são feitas em dólar, mas também há uma preocupação pelo lado do crescimento econômico, pois a economia fica mais sensível às crises e flutuações do câmbio.

Uma economia em que as pessoas passam a utilizar o dólar em transações comerciais e cotidianas corre o risco de perder autonomia na condução de políticas cambiais e monetária, tornando o país dolarizado mais vulnerável aos ciclos econômicos do emissor da moeda estrangeira. Esse é o caso da Venezuela.

É importante ressaltar que, no caso venezuelano, houve uma diminuição da “soberania monetária” e não uma perda total, porque se manteve a circulação do bolívar, moeda local, o que tornou a economia venezuelana na prática uma “economia bimonetária”.

Fonte: Zambrano-Sequin (2023)

O artigo nos leva a compreensão que a dolarização não é a solução para problemas fundamentais do sistema financeiro e pode torná-los ainda mais latentes, tendo em vista que o Banco Central da Venezuela perde a capacidade de exercer o controle sobre a cotação do dólar, devido a cotações feitas com base em interesses rentistas e de empresas, o chamado dólar paralelo.

De fato, há perda de credibilidade nas instituições financeiras e que diante da dolarização, os bancos centrais deixam de ter pleno exercício das políticas cambial, monetária e fiscal. Atualmente, a Venezuela se encontra em um processo reverso de desdolarização da economia.

Esse processo é acompanhado de uma tentativa de estabilização da inflação por parte das instituições financeiras e do Estado venezuelano, que deseja “esterilizar” a circulação do dólar na economia e diminuir o número de transações comerciais em dólar retomando a força do bolívar na economia. Em um cenário nacional, o grande impacto da desdolarização é a retomada da soberania monetária e da credibilidade nas instituições, além da volta da atuação do Banco Central no controle das políticas econômicas. É muito importante para um país soberano ter o controle sobre a moeda nacional e ter políticas cambiais.

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